domingo, 6 de junho de 2010

Coração envenenado

Como uma faca, a língua atingiu em cheio seu coração
Abriu-lhe um talho, criu-se um atalho para o coração deste paspalho
Envenou-se suavemente as artérias, antes desentupidas de qualquer imposição

Veneno poderoso esta língua produz
Daqueles que se esconde em belas palavras, um sorriso perfeito e voz de sereia
Contudo quando vem disparado, cavalo selvagem, bala perdida
Atinge com tudo o paspalho, aquele otário que chora as escondidas

Seu coração pulsa tão forte, querendo expelir este ser que corroe
Mas seu coração não é tão bruto não sendo imune a um veneno tão vil
Este coração vagabundo, se entregou de vez a uma desilusão
Seu coração fez mil planos, bateu em ritmo de folião
Agora bate apertado, bate mais fraco, bate a sofrer

Hoje se ouve seu pranto, coração murcho, lágrimas de sangue a correr
Seu coração já não bate mais por este amor
Dantes se ouvia orquestra, tambores a bater
Agora, não se ouve nenhuma sinfonia,
Apenas uma arritmia silenciosa a conter

Salvador, 2009.